sábado, 26 de março de 2011

Minha vida, meu aplauso


Fiz de minha vida um enorme palco
sem atores, para a peça em cartaz
sem ninguém para aplaudir este meu pranto
que vai pingando e uma poça no palco se faz.
Palco triste é meu mundo desabitado
solitário me apresento como astro
astro que chora, ri e se curva à derrota
e derrotada mútuo astro me faço.
Todo mundo reparou no meu olhar triste
mas todo mundo estava cansado de ver isso
e todo mundo se esqueceu de minha estreia
pois todo mundo tinha um outro compromisso.
Mas um dia meu palco, escuro, continuou
e muita gente curiosa veio me ver
viram no palco um corpo já estendido
eram meus fãs que vieram pra me ver morrer.
Esta noite foi a noite em que virei astro
a multidão estava lá, atenta como eu queria
suspirei eterna e vitoriosamente
pois ali a personagem nascia
eu eu, atriz do mundo, com minha solidão...
morria!