sábado, 24 de dezembro de 2011

Momentos


A felicidade é uma ilusão,
é o produto de nossas ânsias...
Um ponto no tempo, vai assim como veio
Mas há momentos em que consigo parar o tempo,
então vivo nesses fragmentos
Eu os retenho dentro de mim...

São momentos únicos que ficarão perdidos
Mas dentro de mim estarão acesos.
Saboreio estes momentos muitas vezes
Me alimento deles
e sinto uma emoção única...

Paro meu tempo, esqueço a rotina
Deixo levar-me pelos meus sonhos
Voo fundo, sem receios...
Deixo esta energia fluir em meu ser
Sinto uma sensação jamais sentida.
Realizo-me,
nem que seja por um momento apenas!

A felicidade é uma invenção do homem
para explicar o porquê da vida
Mas eu não sigo estes caminhos
já tão explorados!
Abuso de minha liberdade e construo
meu próprio caminho.

Foi assim que encontrei você,
ou será que foi você quem me encontrou?
Não importa...
Quero apenas amar você...

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Antes que seja tarde


O simples fato de amar
não te dá segurança para o futuro...
Assim como atirar uma semente no chão
não garante que florescerá uma rosa!

Amar vai além de suas expectativas
o coração tem sua própria lógica,
Suas regras ainda não foram compreendidas
o caminho é sempre traiçoeiro...

A dor é companheira daquele que ama
Amar significa abrir mão de suas convicções
Significa tomar novos rumos
Tornar-se tolo e ridículo se preciso for!

Não acreditar nos conselhos
de quem já percorreu o caminho.
Cada um terá que fazer o percurso
e experimentar o gosto doce e ácido
da alegria e da desilusão...

Porque a vida é assim...
Aproveite o tempo que ainda tens
Hoje pode estar tudo bem
Amanhã, talvez, não haja mais tempo!

Não deixe nada para depois
Não acumule sentimentos no peito
Desejos são para serem realizados
Siga em paz contigo mesmo!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Amigos


Tenho tantos amigos que às vezes me acho no céu!
São pessoas tão especiais que nem sei
como classificá-las.
Jamais conseguiria passar para o papel
tudo que representam para mim...
A escrita é muito pobre para definir este sentimento:
Um amor sem interesses,
a não ser aquele de ver o amigo feliz!
Definiria meus amigos como engrenagens de uma máquina
Sinto como sendo parte principal desta linda máquina
que se chama vida...
Eu não saberia definir melhor meus amigos
Talvez nunca possa expressar todo sentimento
Toda alegria que sinto quando recebo um olá...
Quando recebo algumas palavras simples e sinceras
O efeito que causam meu peito é devastador
Nenhum remédio, nenhuma cura, nenhuma ciência
é tão eficaz quanto estas palavras que recebo de vocês,
meus amigos...
Peço a Deus que sempre acompanhe a todos
E ilumine seus caminhos para que possam ter
tempo, de vez em quando, de lembrarem-se de mim
Que sempre saibam o quando eu os amo
Pois jamais poderei retribuir o afeto, o carinho
e o amor que recebo de vocês,
Meus amigos.

sábado, 26 de novembro de 2011

Alma de minha alma


Quando cheguei aqui, sentia-me só, faltava algo em mim
Não sabia o que poderia ser;
Um vazio enorme que nenhuma loucura poderia preencher.

Sempre me achei incompleta, sempre faltou algo em meu coração,
um pedaço que procurei pelas esquinas da vida.

Me iludi, engando meu coração ao procurar em outros rostos aquilo que nem eu mesmo sabia,
até que o espelho disse para eu desistir.

Apesar de inconformada, aceitei e não persisti nesta procura,
talvez meu pedaço não existisse.
Seria fruto de minhas ânsias, de meus sonhos! ...

Mas eis que aparece o destino, intrépido e moleque como ele só.
Sem me dizer nada, no seu silêncio eterno, me trouxe você,
tão imperfeito como eu.

Aos poucos aprendemos com nossos erros, aprendemos a ver o belo de nossas imperfeições.
Somos duas almas imperfeitas, somos almas de nossas almas,
nossas imperfeições se completam.

Compreendi que o amor é ilógico, não tem idade, não tem tempo para acontecer.
Não tem lugar, nem se submete a nenhuma regra
Sua única regra é SER, custe o que custar.

Ah! O Amor! Esta energia sem fronteiras:
Nos acalenta e nos transforma o modo de viver.

Esta agonia dentro de minha alma, somente termina quando você está ao meu lado!
Semente ao teu lado meu coração de acalma
Somente ao teu lado eu me completo.

domingo, 2 de outubro de 2011

Lo que soy yo!


Conheci um pouco de mim
Fiquei com medo
Uma solidão enorme me envolvia
A dor que sentia era tão grande
que dividia meu coração
Não me vejo, somente me sinto
e minhas palavras
refletem o meu caráter.
Meu coração agora é negro,
pulsante,
sentimentos se esvaindo.
Meu sangue me alimenta de não querer
mais viver.
Me senti assim quando olhei para
dentro de mim.

O mundo não é perigoso
por causa das pessoas
que fazem o mal.
O mundo é perigoso
por causa das pessoas
que veem o mal acontecer
e nada fazem.

domingo, 25 de setembro de 2011

Impossível


E como fazer para esquecê-lo...
somente esquecendo tudo que me lembra você,
ou seja, os sentimentos antigos
sentimento amigo,
e o amor que escorre perdido.

Como fazer para esquecê-lo...
somente me tornando rude e fria,
pisando nas coisas boas que ainda me restam,
tapando os ouvidos, calando assim os carinhos que cessam.

Como fazer para esquecê-lo...
somente amordaçando os lábios que te desejam,
algemando mãos que te suplicam amor,
acorrentando passos que te perseguem no riso ou na dor.

Como fazer para esquecê-lo...
somente esquecendo tua existência,
somente encontrando a amnésia perdida
somente sangrando minha própria vida.

sábado, 25 de junho de 2011

Perguntas que regem a Humanidade


Aonde estou?
De onde venho?
Para onde vou?
Essas são perguntas que a Humanidade
Fez desde o começo dos tempos.

Os Humanos fizeram guerras
Se mataram
E nunca conseguiram respondê-las.
Por que será? Ora, porque se descobríssemos tudo isto
Nossa vida não teria um sentido maior
um propósito.

Deus criou todas as coisas?
Ou será que viemos do nada?
Uma pergunta criada e questionada
há alguns séculos atrás
em que fez milhares de cidadãos serem mortos
e queimados na fogueira.

A Humanidade tentará
por toda a eternidade
responder estar questões "sem respostas"
e com isso, viveremos em munto antipacífico
onde sempre haverá Guerras
e nunca teremos paz.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Me perdendo


Posso sentir
milhares de vela queimando
levando minh'alma para longe daqui.

Algo em mim está dizendo para continuar
mas minha outra parte me diz para voltar.

A luz está cheia
e eu posso sentir o vazio desta escuridão
Está me dominando aos poucos
me trazendo lembranças de uma vida passada

Mas eu sei que este sentimento obscuro
está me levando para longe daqui.
Eu fui enterrada!

A cada que passa
morro um pouco mais.
O meu paraíso transformou-se neste inferno
e meus grandes sonhos
deixaram de fazer sentido.

Eu apenas quero ser esquecida novamente
e ainda sinto que algo está me esperando
para que eu possa voltar ao meu verdadeiro lugar
neste tempo perdido no espaço
nesta vida enterrada com a morte.

sábado, 18 de junho de 2011

Estou morrendo


Minha Fantasia
substitui a realidade.
Morte! não tem razão e nem precisa...
e o caminho que leva a eternidade
é muito curto.
Já estou morrendo e
sempre estou chorando,
e o medo é tão lindo de perto! *.*
Esse frio que me envolve
e suas mãos quentes esmagando meu coração
e a minha felicidade
poderia ser seu sofrimento.
Nunca sou feliz.
Não posso voltar atrás pra mudar nada.
E você pode mudar agora
e fazer um novo fim.
Estou simplesmente
morrendo!
Todos os dias são cinzas
e as noites mórbidas.
Faço das suas palavras o meu silêncio
e dos meus sonhos, uma fantasia.
O meu mundo é triste.

domingo, 8 de maio de 2011

O Mundo...

O mundo não é perigoso
Por causa das Pessoa
que fazem o mal.
O mundo é perigoso
Por causa das Pessoas que veem o mal acontecer
e não fazem nada.

Um pouco de mim


Conheci um pouco mais de mim
Fiquei com tanto medo.
Uma solidão enorme me envolvia
A dor que sentia era tão grande
que dividia meu coração.
Não me vejo, somente me sinto
e minhas palavras refletem o meu caráter.
Meu coração agora é negro.
Pulsante;
Sentimentos se esvaem,
meu sangue me alimenta de não querer
mais viver.
Me senti assim quando olhei
para dentro de mim.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Este Nosso Amor


Amo-te,
amo-te no silêncio perdido da canção fúnebre
amo-te no escuro que torna cega a luz do Sol
amo-te no sangue do último poema assassinado
amo-te no pranto, no grito rouco, amordaçada.

Amo-te,
amo-te sozinha quando muitos te esqueceram
amo-te no desvio em que tantos se perderam
amo-te lutando quando muitos se fracassam,
amo-te com vida, quando tantos sentimentos se castram.

Amo-te,
amo-te no hoje que esqueceu de acontecer,
amo-te no tempo que me guia ao envelhecimento
amo-te até mesmo quando por poucos for lembrado.
Amo-te... para sempre!

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sussurro


Não me olhou
Não me deu a honra do seu perdão
Não me apontou o caminho
Da salvação.

Não morou em meu peito
Esqueceu a vontade
Recusou minha ternura
Negou a realidade.

Não viu que me feriu
Não percebeu que me cortou
Não notou a morte
Me afastou.

Infeliz o momento que fechou os olhos
Flutuou, levou-me embora
Cortou minhas asas
Me fez despencar.

Não me sentiu, não me beijou
Não me mostrou a verdade
Não me aceitou.

Sussurrou...
Em meu ouvido
bem baixinho,
"Não te quero mais".

PS: Poema escrito para alguém que foi e ainda considero muito especial em minha vida, uma amiga rara que infelizmente não se encontra mais em meu caminho....
Ramirez Nunes

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Poesia-passagem


Em mil delírios roucos te abraço
sentindo o tremor do corpo teu,
em vezes me entristeço nos compassos
sentindo o amargo gosto do adeus

Sem flecha, sem o arco, sou sua índia
das terras onde a guerra se findou,
sem medo, sem rancor, sou seu gemido
no espaço em que teu braço meu cercou.

Não quero mais saber da boemia
se em casa tenho o gozo de viver
e junto ao gozo toda a alegria
de ser amada e de te pertencer.

Fingindo ser criança, sou sua mulher
e no teu corpo perco a minha idade
deitando em nossa cama sou selvagem
menina delirando de saudade.

E de manhã acordo em teu nudismo
querendo novamente anoitecer,
para afagar de vez estes desejos
que me pintam pras guerras dp prazer.

Nas ruasde você não me despeço
para sentir que estou junto de ti
e a noite vem chegando pouco a pouco
e sem nem perceber eu já fugi.

Fugi da vida para os teus braços
que ardentes me afagam sem cessar
e no amor as luzes se adormecem,
criança sou de novo a delirar.

sábado, 26 de março de 2011

Minha vida, meu aplauso


Fiz de minha vida um enorme palco
sem atores, para a peça em cartaz
sem ninguém para aplaudir este meu pranto
que vai pingando e uma poça no palco se faz.
Palco triste é meu mundo desabitado
solitário me apresento como astro
astro que chora, ri e se curva à derrota
e derrotada mútuo astro me faço.
Todo mundo reparou no meu olhar triste
mas todo mundo estava cansado de ver isso
e todo mundo se esqueceu de minha estreia
pois todo mundo tinha um outro compromisso.
Mas um dia meu palco, escuro, continuou
e muita gente curiosa veio me ver
viram no palco um corpo já estendido
eram meus fãs que vieram pra me ver morrer.
Esta noite foi a noite em que virei astro
a multidão estava lá, atenta como eu queria
suspirei eterna e vitoriosamente
pois ali a personagem nascia
eu eu, atriz do mundo, com minha solidão...
morria!

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Quero que saibam...


Quando eu morrer
Quero que saibam que amei intensamente
Que vivi louca e apaixonadamente
Que fui feliz.

Quero quer leiam minhas memórias escritas
E presenciem, sintam tudo que passei
Quero que amem, me odeiem
Riam de mim, riam comigo
Chorem, achem louco, engraçado, extravagante, tímido,
Ou seja, quero que não me esqueçam.

Quando eu morrer
Quero que saibam que tive meu verdadeiro Amor
Que encontrei minha Alma Gêmea
E o amei com vigor

Quero que saibam que minha família foi meu alicerce
Que apesar das brigas, eu amava meus pais
E que meu sobrinho
Ah! O meu sobrinho, fez o meu mundinho mais feliz.

Quero que saibam que tive amigos
Verdadeiros Amigos
Aqueles com quem pude contar nos bons e maus momentos
Aqueles com que ri e chorei
Com que descobri coisas novas, fiz merdas, aprendi
E quero que saibam que também os amei.

Para terminar
Quero que saibam que Eu Me Amei.
Isso mesmo, do jeitinho que fui, eu me amei !
Vivi todos os bons momentos
Com pessoas maravilhosas
E fui feliz!

Quando eu morrer...
Desejo que apenas meu corpo se vá
Mas meu espírito...
Ah! Meu espírito...
Permaneça no coração de cada umd aquele que Amei.

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Vidas Longínquas


Posso sentir
Milhares de velas queimando
Levando minha'alma para longe daqui

Algo em mim está me dizendo para continuar
Mas minha outra parte me diz para voltar.

A lua está cheia
e eu posso sentir o vazio desta escuridão

Está me dominando aos poucos
me trazendo lembranças de uma vida passada

Mas eu sei que este sentimento obscuro
está me levando para longe daqui.
Eu fui enterrada!

A cada dia que passa
Morro um pouco mais
O meu paraíso tranformou-se neste inferno
e meus grandes sonhos deixaram de fazer sentido
Eu apenas quero ser esquecida novamente
e ainda sinto que algo está me esperando
para que eu possa voltar ao meu verdadeiro lugar

Neste tempo perdido no espaço
Nesta vida enterrada com a morte.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

A partir de você...


Antes de você, tudo era escuridão
O céu era negro
Não havia luzes e cores
E nem amor no coração
Tudo se movia sem vida
Em vazio habitava em minha alma
E eu vivendo neste mundo esperando você.

De repente, o céu mudou de cor
E percebi que algo havia ali
Como pode havaer luz em um lugar como este?
Pois é, era o sinal que você estava por vir !

Com o passar do tempo
Não apenas o céu enclareiou
Mas o mundo começou a perceber a cor.
Saímos da escuridão
E no meio de toda aquela multidão
Percebi você
O meu Anjo Negro
Que deu vida ao meu mundo
E me fez querer viver !

A partir daquele dia
Nos conhecemos mais e mais
E tudo em minha vida deu um salto extraordinário
Eu comecei a ver as coisas diferentemente do que via
Eu me senti mais feliz
Mais bonita, mais inteligente
Mais viva !

Você, meu Anjo
Fez O Milagre em minha vida
Você foi quem me fez descobrir o verdadeiro Amor
O verdadeiro companheirismo
A verdadeira forma de "viver".

Só tenho a lhe agradecer
Obrigada !

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Não sou nada sem você


Oh! Vida injusta
Por que tu me separar de meu Amor?
Por que tu sempre fazes com que briguemos?
Por que tu sempre nos faz distanciar?

Como sinto tua falta
Tu és o ar que respiro
És também meu chão,
Minha fortaleza,
Minha única certeza de viver até amanhã.

Oh! Rei de minhas escolhas
Tu eres a quem pertenço
E tu também pertences a mim
Não suporto sequer pensar
Que um dia tu me deixarás
Isto seria um devaneio, uma loucura
Não consigo mais suportar um dia sem tua presença.

Meu amor por você
Já superou todas as barreiras
Já demoliu todas as montanhas
Já percorreu céu e inferno
Atrás do único ser que é capaz de me fazer feliz
VocÊ, Amor, é esse ser supremo
É Aquele a quem dou a vida
É Aquele a quem tiro minha própria se não mais quiser-me
Você sim, é o ser mais importante que o mundo já em concebeu.

Oh! Eu Te Amo tanto
Que quando não estamos bem
Minha vida não consegue continuar
Você é quem me dá o ponto de apoio, a base forte para que as coisas possam se ajustar
É Você, Senhor de minha alma, de meu coração
Que faz com que tudo em minha vida aconteça quando estás presente
Ou faz com que nada dê certo quando não estás.

És tu que eu quero para sempre ao meu lado
Porque nem em sonho, nem em pensamento
E nem em realidade, posso conseguir VIVER sem ter você aqui comigo!

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Apenas um Conto...

           
               Nove e treze! Estava atrasada! Marcara de assistir “Dúvida” com ele na Estação Botafogo as nove e meia e ainda estava em seu apartamento em Icaraí. Pegou as chaves, trancou o apartamento  e enquanto esperava o elevador, o telefone começou a tocar.  Tocara enquanto estava no banho, enquanto trocava de roupa e agora mais uma vez, mas preferiu deixar de lado, pois Jorge odiava os seus atrasos.
                No espelho do elevador ajeitava a maquiagem, passava o batom vermelho que ele tanto gostava, enquanto ao fundo o tocar do aparelho morria.
                - Alô? Mariana? Estou desde cedo ligando para o apartamento! Seu celular está desligado. Onde você estava? O que houve? – Jorge jogava as palavras sem tempo para as respostas.
                Era enfermeiro, mas com porte de Doutor (ela sempre dizia) e naquela sexta-feira, precisou trocar de horário com um amigo que estava passando mal. Desde cedo tentou falar com ela para avisar que não poderia ir ao cinema, mas seu celular estava desligado e em casa não atendia.
                - Oi, tudo bem? Educado como sempre NE? Meu telefone descarregou pela manhã, fiquei na escola até as seis e depois passei na minha mãe antes de vir para casa, mas o que houve?
                - Mariana, eu troquei de turno com o Rafa e não vou poder sair, por isso estou te ligando esse tempo todo.
                - Não acredito Jorge, sabe há quanto tempo não saímos?
                - Desculpe meu amor, mas eu tinha essa dívida com ele.
                - Jorge, faça o que quiser, mas não me apareça aqui tão cedo.
                Estavam juntos há três anos e sentiam-se casados em casas diferentes. Ele tinha o apartamento dele, ela o dela e ambos tinham as chaves dos dois.
                Enquanto estava no hospital, resolveu passar em uma locadora, dessas que fecham a meia noite, pegou um filme que ela queria ver a tempos, passou numa adega, comprou o vinho que ela gostava e chegaria de madrugada no apartamento dela para tentar se redimir. Na pior das hipóteses, ela o mandaria ir embora e ele iria para o apartamento dele.
                Duas e trinta e dois, marcava o relógio da sala quando entrou na ponta dos pés e foi até o quarto. Mariana dormia. A camisola branca, quase sem contraste coma sua pele, deixava a mostra parte dos seus seios e por alguns segundos ficou ali, escorado na porta do quarto olhando aquela mulher, que para ele, não existia mais linda.
                Deitou-se de frente para ela e o sono que já estava leve, perdeu-se com um beijo. Ele esperava uma cara feia, alguma discussão, mesmo àquela hora, porém surpreendeu-se com um olhar terno e um afago em sua barba.
                Não precisou de palavras para se entender, o que sentiam falou mais alto. Ele se perdeu no corpo dela e ela se encontrou no seu.
                Uma garrafa de uísque quase no fim e uma arma em cima da mesa. Esses objetos eram focados por um enfermeiro com porte de Doutor perdido em seus devaneios. Não conseguia deixar de pensar no que poderia ter ocorrido caso ela tivesse atendido ao telefone,  se tivesse conseguido falar com ela, se pudesse ter impedido de ir se encontrar com ele.
                Mariana jamais atendera aquela ligação, descera no elevador, pegara o carro e fora em direção a Botafogo como havia combinado com ele. Na saída da Ponte Rio-Niteroi, enquanto tentava pegar o celular na bolsa para avisar que estava chegando, sem lembrar-se de que o celular estava descarregado, perdeu a direção do carro, que se chocou contra a mureta e foi atingido por outro na direção do motorista.
                Jorge saindo do hospital, fora à casa de Mariana (sem o vinho e sem o filme, esses nunca foram comprados). Ao chegar de madrugada no apartamento e não encontrá-la, ficou buscando qualquer lógica que pudesse justificar a sua ausência; uma traição, até poderia estar numa boate, na casa da mãe, jogada no meio da rua, de novo traição, etc.
                Todas as justificativas eram falhas, não comprovava nenhuma das suas suposições e assim passou a noite em claro esperando que a porta da sala se abrisse a qualquer minuto. Acordou com o sol rompendo a cortina da sala, foi até o quarto e não a viu.
                Já em seu apartamento, o telefone tocou. Era o seu cunhado aliviando suas angústias e lhe a dor da morte. Mariana estava morta, soube o que acontecera, que com o impacto ela morrera na hora e desde então se achava culpado pelo ocorrido.
                O uísque havia acabado e a arma estava engatilhada. Achava o correto apertar o gatilho contra o céu da boca. Contou, um... Dois... A foto na estante dos dois juntos fez com que caísse em sua desgraça mais uma vez. Levantou, pegou o portarretrato, admirou aquele sorriso que jamais veria outra vez e deitou-se no sofá.
                Deitado e querendo que tudo não passasse de um sonho, pedia para que terminasse a dor que não dependia de medicamentos. Com a arma ao lado e o portarretrato na mão, ficou ali até a coragem aparecesse para tirar sua vida ou até que a dor cessasse e aprendesse a viver sem Mariana.