sexta-feira, 31 de julho de 2015

Felicidade Mórbida


O que seria da vida
Sem a luz da tua alma a me iluminar?
Como seriam os meus dias
Sem o ardor do teu altar?
Para que caminhar pelas trevas
A procura do lenitivo
Se hoje podemos encontrá-lo no declínio do teu abismo?
É mórbida flor, porém,
Delicada e deslumbrante
Que sacia tão voraz vazio do meu semblante.
È fruto negro e proibido.
É lança no peito ferido.
São ondas que tocam a nuvem
E inundam o pequeno infinito.
Um castelo de espelhos na areia do meu tempo.
O sangue quente derramado das veias do desespero.
É nobre escuridão que devora as estrelas
É o frio do coração que congela minha tristeza.
Vivo pela morte
Numa sede vampírica.
Do livro sou a página
As páginas macabras e místicas.
Reflito no teu ego
A imagem mais nítida do alquimista a procura
da amarga utopia.
Sinto calor em teus lábios
Escuros no beijo
E vejo a lua através dos teus olhos negros.
Sigo pregada em tua cruz
Ferida pelos espinhos em teu ódio.
Envelhecer mil anos por segundo seria tão lógico...
São as asas que ardem em chamas
E me levam ao vale da solidão
Onde encontro meu abrigo em tal sentido sem razão
Pois tu és canção lírica que reluz minh'alma agora.
Teu sentimento obscuro
É minha felicidade mórbida.

terça-feira, 14 de julho de 2015

Nobre Melodia


Estava eu andando entre mortos
Perdia num corpo de negras rosas
Ferida por alguns espinhos, derramava meu sangue
Sentia meu espírito me deixar alguns instantes.

Sentei-me então perto à maior lápide
Ouvi sussurros do vento
Quebravam aquele silêncio
Harmoniavam aquele momento.

E naquela nobre melodia
Confusa, eu me perdia
Negras sombras já estavam a me envolver
E meu coração, eu nem sentia mais bater

E num momento repentino
Já era finito meu desatino
Meu coração já voltava a doer
E as sombras começavam
a desaparecer.

Com o tempo,
Já não ouvia mais o vento.
Dentro de mim, gritavam meus lamentos
E novamente...
Estava eu andando entre mortos
Perdida num campo de negras rosas.